O rouxinol de Bernardim
era teu ou era meu
quando veio de madrugada
tecer seu canto no muro do jardim?
E após breve pousada
levou os séculos voando
quando perto já de ti,
vim abrir para dentro as portadas.
Ouviam-se carros nas estradas
o rouxinol desaparecia, voava.
À procura de uma árvore
destroçada sobre a terra exangue
na paisagem, vidros partidos, papéis,
galhos, jornais, a tinta a sangue No jardim de minha casa
há sempre uma rima de Bernardim
que canta aflita de madrugada,
como se houvesse uma levada
e essa fosse, a do teu amor por mim!
José Ribeiro Marto
in livro "Pastoreio", edições Temas Originais (Junho de 2009)
domingo, 28 de junho de 2009
Horas tardias da noite
Horas tardias se esfumam…
não sei se
por magia ou negrura
do desenrolar deste tempo.
Mostras do cansaço
saturam
no rasgo de mais uma noite,
acumulado nas mentes
que aturam.
Horas sombrias se desvanecem…
num corolário da agrura,
tristes pedaços da vida
em nostálgica cena,
num misto de verdura.
Mescla de episódios sofridos,
numa vivência vivida…
recortes por demais esbatidos
de um golpe sem ferida.
Horas que passam por nós,
num tempo que já o não tem…
Horas que não servem
a ninguém!...
foto in blogue "Pessoas e Poetas", Desamor
não sei se
por magia ou negrura
do desenrolar deste tempo.
Mostras do cansaço
saturam
no rasgo de mais uma noite,
acumulado nas mentes
que aturam.
Horas sombrias se desvanecem…
num corolário da agrura,
tristes pedaços da vida
em nostálgica cena,
num misto de verdura.
Mescla de episódios sofridos,
numa vivência vivida…
recortes por demais esbatidos
de um golpe sem ferida.
Horas que passam por nós,
num tempo que já o não tem…
Horas que não servem
a ninguém!...
foto in blogue "Pessoas e Poetas", Desamor
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Corpo esquecido
Libertem-me
desta liberdade estigmatizada
que apregoa nas esquinas
um corpo que se vende
a uma prostituição
de vícios perniciosos.
Saciem a vontade
da insatisfação prematura
de quem não encontra
aquilo que procura.
O infortúnio encosta-se
em bustos maquilhados
que disfarçam
brutais bocados,
dissimulando o prazer,
em busca de uns cambiados.
A rotina repete-se,
o corpo embranquece,
fecham-se as portas,
já ninguém se lembra dela
naquele sobe e desce
onde o cheiro da podridão
explora o sadismo
dos vagidos promíscuos,
das corjas da solidão.
Conceição Bernardino
in livro "Linhas Incertas", edições Mosaico de Palavras (Maio de 2009)
desta liberdade estigmatizada
que apregoa nas esquinas
um corpo que se vende
a uma prostituição
de vícios perniciosos.
Saciem a vontade
da insatisfação prematura
de quem não encontra
aquilo que procura.
O infortúnio encosta-se
em bustos maquilhados
que disfarçam
brutais bocados,
dissimulando o prazer,
em busca de uns cambiados.
A rotina repete-se,
o corpo embranquece,
fecham-se as portas,
já ninguém se lembra dela
naquele sobe e desce
onde o cheiro da podridão
explora o sadismo
dos vagidos promíscuos,
das corjas da solidão.
Conceição Bernardino
in livro "Linhas Incertas", edições Mosaico de Palavras (Maio de 2009)
Os Esquecidos de Sempre
domingo, 21 de junho de 2009
Lançamento do livro "Canção do Exílio", de Gonçalo B. de Sousa
O autor, Gonçalo B. de Sousa, e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro “Canção do Exílio”, a ter lugar na Casa do Alentejo, Rua Portas de Santo Antão, 58, Lisboa, no próximo dia 27 de Junho, pelas 19:00. Obra e autor serão apresentados por José Félix.
A sua presença será fulcral!...
A sua presença será fulcral!...
Lançamento do livro "Do Mar e de Nós", de José-Augusto de Carvalho
O autor, José-Augusto de Carvalho, e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro “Do Mar e de Nós”, a ter lugar na Casa do Alentejo, Rua Portas de Santo Antão, 58, Lisboa, no próximo dia 27 de Junho, pelas 16:00. Obra e autor serão apresentados por Xavier Zarco.
sábado, 20 de junho de 2009
Mulheres Na Alcova
Mulheres uniformizadas pela religião
Salto alto e vestido de missa
Tirados do armário da sua submissão
Véu de renda branco avisa
Que o terço está na outra mão
E todos os seus pudores na brisa
Saída do perfume do seu tesão. Mulheres domesticadas em comunhão
Caminham em fila para o altar
Na visão da mente em procissão.
Muitas vezes, ao caminhar
Deixam aparecer no vão,
Por baixo da bainha, empinar
Sua fabulosa cauda em ascensão
Tão selvagem quanto seu amar
De alma faminta, não de oração
Mas de um espírito no ar
Da sua própria natureza e compreensão
Latente no seu âmago um respirar
Feminino adormecido no coração
De uma fêmea que vive a sonhar
Com uma verdadeira paixão!
*Aos meus amigos, um aviso: Entre 4.428 inscritos na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos, este poema e um conto meu foram escolhidos.
Helen De Rose
Salto alto e vestido de missa
Tirados do armário da sua submissão
Véu de renda branco avisa
Que o terço está na outra mão
E todos os seus pudores na brisa
Saída do perfume do seu tesão. Mulheres domesticadas em comunhão
Caminham em fila para o altar
Na visão da mente em procissão.
Muitas vezes, ao caminhar
Deixam aparecer no vão,
Por baixo da bainha, empinar
Sua fabulosa cauda em ascensão
Tão selvagem quanto seu amar
De alma faminta, não de oração
Mas de um espírito no ar
Da sua própria natureza e compreensão
Latente no seu âmago um respirar
Feminino adormecido no coração
De uma fêmea que vive a sonhar
Com uma verdadeira paixão!
*Aos meus amigos, um aviso: Entre 4.428 inscritos na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos, este poema e um conto meu foram escolhidos.
Helen De Rose
22
a casa é o precipício onde
a infância morre na traição do fruto.
é de passagem, a casa, na escrita,
reconstruída ruga a ruga com
a parcimónia da literatura.
os quartos, a salinha, o corredor,
um vaso velho com papeis inúteis
e até a voz da família ausente
está presente no eco das paredes
com a fotografia de duendes
a segredar-nos conversas.
a casa: envelhece com a idade
de quem a habita na memória, mesmo
que a infância permaneça viva, ténue.
José Félix
Teoria do Esquecimento, Temas Originais, Lda., Coimbra, 2009
a infância morre na traição do fruto.
é de passagem, a casa, na escrita,
reconstruída ruga a ruga com
a parcimónia da literatura.
os quartos, a salinha, o corredor,
um vaso velho com papeis inúteis
e até a voz da família ausente
está presente no eco das paredes
com a fotografia de duendes
a segredar-nos conversas.
a casa: envelhece com a idade
de quem a habita na memória, mesmo
que a infância permaneça viva, ténue.
José Félix
Teoria do Esquecimento, Temas Originais, Lda., Coimbra, 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Ama-me
Ama-me…
Como a onda ama a rocha
Entrelaçando-a,
em crispações ruidosas
Num magnetismo sem limites.
Os teus braços,
são o meu céu
O sol que raia nos teus olhos,
O véu angelical que me agasalha
Quando ofegante,
entras em mim.
Ama-me…
Como a chuva ama a flor
Beijando-a,
em gotículas transparentes
Numa dádiva generosa.
A tua pele,
é o meu refúgio
Enlevo de peixe
entre os corais.
… Eu sou o teu berço entreaberto
Recriando o eterno paradigma
Desse amor para sempre sublimado
Nos poemas
arranhados no teu corpo.
Vóny Ferreira
in Cascata de Sílabas, edições Mosaico das Palavras (2009)
Rio, da intrepidez à serenidade
Rio de cálidas águas,
que correm rapidamente;
embatendo nas fragas
num fluído insistente.
Reforça o seu caudal
quando amaina seu leito;
sublima-se sem igual
na sua força e no jeito.
Regozija seu esplendor
num majestoso percurso,
onde segue seu caminho.
Donde vem essa dor?!...
que o mar não tem recurso
de te receber com carinho!...
foto de Miguel Afonso, 2005 "Leito do Rio"
in Olhares
fotografia online
que correm rapidamente;
embatendo nas fragas
num fluído insistente.
Reforça o seu caudal
quando amaina seu leito;
sublima-se sem igual
na sua força e no jeito.
Regozija seu esplendor
num majestoso percurso,
onde segue seu caminho.
Donde vem essa dor?!...
que o mar não tem recurso
de te receber com carinho!...
foto de Miguel Afonso, 2005 "Leito do Rio"
in Olhares
fotografia online
domingo, 14 de junho de 2009
Lançamento do livro "Pastoreio", de José Ribeiro Marto, em Lisboa
O autor, José Ribeiro Marto, e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro “Pastoreio”, que recebeu o Prémio Litterarius do Clube Racal de Silves (Poesia), em 2007, a ter lugar no Palácio Galveias, Lisboa, no próximo dia 20 de Junho, pelas 19:30.
Obra e autor serão apresentados por Celeste Lima de Freitas e esta sessão contará com a leitura de poemas por Graça Vasconcelos e Melim Teixeira.
Se puder, divulgue e apareça. Obrigado
Obra e autor serão apresentados por Celeste Lima de Freitas e esta sessão contará com a leitura de poemas por Graça Vasconcelos e Melim Teixeira.
Se puder, divulgue e apareça. Obrigado
terça-feira, 9 de junho de 2009
Os dois poemas que li, no lançamento do livro "In Pulsos", de Lurdes Dias (Cleo)
Estranho-me...
Estranho-me
Quando de negro me visto
E de silêncio me calço...
Nasceram-me ilusões
Nas pontas dos dedos
Escreveram um castelo
Alto demais
Não lhe chego...
Abraço-me ao cansaço
Que me ampara
Na curva redonda
Do nada...
Invadem-me
Insignificantes sensações
Alma submersa
Em constante desassossego
Rendo-me
Descanso-me...
Lurdes Dias (Cleo)
Talvez hoje nem devesse escrever...
Talvez hoje
Nem devesse escrever...
Mas porque raio haveria eu
De não escrever
Se me apetece escrever?!
Mesmo que não tenha nada para dizer...
Será vício
Ou só um capricho
Da minha teimosia?
Diria que é uma sede
Uma sede que me seca por dentro
E que preciso saciar agora
Já!
Sem demora
Antes que morra presa
E ressequida
Esquecida
Numa teia empoeirada
De um qualquer canto do tempo...
Lurdes Dias (Cleo)
Estranho-me
Quando de negro me visto
E de silêncio me calço...
Nasceram-me ilusões
Nas pontas dos dedos
Escreveram um castelo
Alto demais
Não lhe chego...
Abraço-me ao cansaço
Que me ampara
Na curva redonda
Do nada...
Invadem-me
Insignificantes sensações
Alma submersa
Em constante desassossego
Rendo-me
Descanso-me...
Lurdes Dias (Cleo)
Talvez hoje nem devesse escrever...
Talvez hoje
Nem devesse escrever...
Mas porque raio haveria eu
De não escrever
Se me apetece escrever?!
Mesmo que não tenha nada para dizer...
Será vício
Ou só um capricho
Da minha teimosia?
Diria que é uma sede
Uma sede que me seca por dentro
E que preciso saciar agora
Já!
Sem demora
Antes que morra presa
E ressequida
Esquecida
Numa teia empoeirada
De um qualquer canto do tempo...
Lurdes Dias (Cleo)
O baile da alegria
Bailei com a natureza.
mesmo sem saber dançar.
Foram melodias todas de encantar.
Esteve a alegria presente a acompanhar.
Outros surgiram para seus dotes
revelar.
Desses, alguns, se puderam evidenciar.
Legítima qualidade para observar.
Efusividade em encontro de inibriar.
Todos, com enlevo, aplausos
puderam não regatear.
Paradigma, em imagens para recordar.
Recordação futura para tristezas desanuviar.
Terminada com um sentido suspirar.
Chegou a hora da dança acabar.
Saudades das músicas,
que foram de embalar.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Lançamento do livro (Poesia) "Cem Poemas... Diversos", de António Boavida Pinheiro, em Lisboa
O autor António Boavida Pinheiro e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro “Cem Poemas... Diversos”, a ter lugar no Auditório sito ao Campo Grande, 56, Lisboa, no próximo dia 13 de Junho, pelas 18:00.
Obra e autor serão apresentadas pelo poeta Xavier Zarco.
Apareça e se quiser jante connosco.
Lançamento do livro "Amor dos Babuínos" (Romance), de Miguel Cardoso Pereira, em Lisboa
O autor Miguel Cardoso Pereira e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro “Amor dos Babuínos”, a ter lugar no Auditório sito ao Campo Grande, 56, Lisboa, no próximo dia 13 de Junho, pelas 14:00.
Obra e autor serão apresentadas pelo jornalista Vítor Serpa.
Obra e autor serão apresentadas pelo jornalista Vítor Serpa.
Aguardamos a sua presença.
domingo, 7 de junho de 2009
No lançamento do livro "In Pulsos", de Lurdes Dias (Cleo), li dois poemas da autora
No lançamento do livro "In Pulsos", de Lurdes Dias (Cleo), fui convidado pela autora para ler dois poemas de sua autoria e a sentar-me na mesa, para esse efeito.
Foi mais um momento de grande entusiasmo, de uma inolvidável tarde na companhia da escrita de grande qualidade.
foto de António Silva, in http://rouxinoldepomares.blogs.sapo.pt/ (no momento em que lia um dos poemas)
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Lançamento do livro "Cascata de sílabas", de Vóny Ferreira
A autora Vóny Ferreira e a Editora Mosaico de Palavras, têm a honra de convidar V. Exas. a estar presente na sessão de lançamento do livro “CASCATA DE SÍLABAS, livro de poesia e prosa, que terá lugar no próximo dia 6 de Junho, pelas 15.30 horas, na Biblioteca de Leiria (Terreiro) que fica na parte velha da cidade de Leiria.
Prefaciado e apresentado pela Doutora Goreti Dias.
Poemas declamados pelo Poeta Dionísio Dinis“…
Nos seus textos, a linguagem poética e criadora pode veicular a ilusão de que escreve para si mesma como forma de amenizar alguma da sua dor, contar o que a sua alma vive, ou os seus anseios. A intensidade com que afirma: “Quero, quero colher glicínias nos muros altos, as rosas secas do Outono. Trazê-las num molho colorido, silvestre, que te mostrem os resíduos do vento” traça a morada da poetisa no seu poema. “ Sou um Poema/Não tenho rosto… Não tenho mãos/ Não tenho boca” ; “Ando à procura de mim em tudo o que escrevo”, “A gramática arde-me no peito como ferida aberta”. Sem querer atribuir-se à escritora uma intenção de criar em nós o mesmo desejo, ela acaba por o atingir. De alguma forma, quem lê procura sempre encontrar nas escritas dos outros a expressão para os seus sentimentos. A autora consegue fazer nascer nos seus leitores um tempo-espaço e um sentir-o-mesmo em sintonia com o seu sujeito poético. Se lhe lemos uma vontade forte e decidida “ de renascer… para te amar”, patenteia-se aos nossos olhos o inevitável nascer ou renascer do nosso anseio tornado igual.“No irrealismo dos sonhos” e na “ linha transversal a delinear os meus sonhos” a poetisa torna-se mensageira das dissonâncias da alma, da vontade de olhar para além das palavras e do limite do eu. A consciência do eu poético permite-lhe afirmar: “ Um dia hei-de ser capaz de me agarrar às asas de uma águia e voar com ela”... (Goreti Dias)
Obs.: Aqui está um livro que é esperado há algum tempo. A autora é uma escritora/poetisa que muito admiro, no que à sua escrita se refere. Portanto é uma obra que vivamente aconselho, sem quaisquer dúvidas...
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