domingo, 28 de junho de 2009

O rouxinol de Bernardim

O rouxinol de Bernardim
era teu ou era meu
quando veio de madrugada
tecer seu canto no muro do jardim?
E após breve pousada
levou os séculos voando
quando perto já de ti,
vim abrir para dentro as portadas.
Ouviam-se carros nas estradas
o rouxinol desaparecia, voava.
À procura de uma árvore
destroçada sobre a terra exangue
na paisagem, vidros partidos, papéis,
galhos, jornais, a tinta a sangue
No jardim de minha casa
há sempre uma rima de Bernardim
que canta aflita de madrugada,
como se houvesse uma levada
e essa fosse, a do teu amor por mim!

José Ribeiro Marto
in livro "Pastoreio", edições Temas Originais (Junho de 2009)

1 comentário:

Paula: pesponteando disse...

lindo o canto do rouxinol...ele as vezes visita minhas madrugadas...de insônia....abraços