sábado, 31 de março de 2012

Apresentação dos livros "Máscara da Luz", de António MR Martins e "Memória das Cidades", de Vítor Cintra, na Biblioteca Municipal de Anadia, no âmbito do I Encontro de Poesia de Anadia, em 31 de Março de 2012


Na mesa de honra:
Da esquerda para a direita: A escritora Lurdes Breda, que apresentou obra e autor de
"Memória das Cidades", o poeta Vítor Cintra, autor da obra, o Prof. Litério Augusto Marques, Presidente da Câmara Municipal de Anadia, que presidiu e apresentou a sessão,
o poeta António MR Martins, autor da obra "Máscara da Luz" e a escritora
Vanda Paz, que apresentou esta obra e seu autor. Em pé, dando início aos trabalhos,
a Drª. Sónia Almeida, directora da Biblioteca Municipal de Anadia (que acolheu esta sessão e o I Encontro de Poesia de Anadia).


Uma perspectiva da sala.


O Prof. Litério Augusto Marques, Presidente da Câmara Municipal, no uso da palavra,
apresentando a sessão.


Um dos vários momentos musicais da tarde.


A escritora Vanda Paz apresentando obra e autor de "Máscara da Luz".


Alunas de escolas locais apresentam, teatralizam e lêem dois poemas
do livro "Máscara da Luz".


A vez do autor António MR Martins falar sobre o seu livro.


A escritora Lurdes Breda apresenta obra e autor de "Memória das Cidades".


O momento em que o autor Vítor Cintra se exprime sobre o seu livro.


Mais um momento musical.


O poema "Coimbra" do livro "Memória das Cidades" é lido
e representado por alunas de escolas locais.







sexta-feira, 30 de março de 2012

Grito Negro


Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.

Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.

Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.

Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.

Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.


José Craveirinha

Com ternura acontece

Me envolves no enredo
da harmonia perfeita,
me esquece o degredo
pela tua simples receita.

Me rodeias de magia
entre abraços profundos,
tua imensa terapia
sempre uniu nossos mundos.

Me olhas pelo carinho
e amor que prevalece
com paladar da doçura.

Eu te olho de mansinho
e tudo nos acontece
em sentires de ternura.


António MR Martins

quinta-feira, 29 de março de 2012

Apresentação dos livros "Máscara da Luz", de António MR Martins e "Memória das Cidades", de Vítor Cintra, em Anadia


Caros leitores e amigos,

É no próximo dia 31 de Março que iremos até à Anadia apresentar os nossos livros:
"Máscara da Luz" (o meu) e "Memória das Cidades", de Vítor Cintra, em sessão
inserida numa grandiosa e alegre celebração da poesia.

Tudo começará por volta das 15H00.

Uma tarde de enorme empatia na relevação da palavra e da poesia, onde ocorrerá uma tertúlia e leitura de poemas por alunos das escolas locais.

Apareçam! Venham intergir connosco!

Todos serão bem vindos.

Viva a Poesia !!!


O Presidente da Câmara Municipal de Anadia, Prof. Litério Augusto Marques, os autores, António MR Martins e Vítor Cintra, e a Temas Originais têm o prazer de convidar V. Exa. a estar presente na sessão de apresentação dos livros “Máscara da Luz” e “Memória das Cidades”, no âmbito do I Encontro de Poesia de Anadia, a ter lugar na Biblioteca Municipal de Anadia, no próximo dia 31 de Março, pelas 15H00.

Obras e autores serão apresentados pelas escritoras Vanda Paz e Lurdes Breda, respectivamente.

Esta sessão contará com a participação de poetas de Anadia, de alunos do Agrupamento de Escolas de Anadia (Escola Secundária de Anadia e Escola Básica nº2 de Vilarinho do Bairro), entre outros, que lerão poemas das obras em apresentação e de outros autores, numa Tertúlia à volta da poesia.

Façamos nascer a poesia


Façamos
Nascer a poesia!

Cultivemo-la
Em searas de papel,
Como quem
Semeia trigo
No ventre da terra.

Demos-lhe
Beijos de chuva
Por entre
Raízes sem chão,
Folhas
E palavras secas.

Mondemos-lhe
Os verbos tristes
E a mágoa
Das frases,
Com que espreita
O voo das andorinhas.

Ofertemos-lhe o sol,
Em adjetivos de luz,
Para amadurecer os versos,
Ainda verdes de esperança.

Descubramos-lhe
Ceifeiras
Com sede
De poemas
Abertos em flor.

Sopremos-lhe
O vento,
Numa cantiga
De embalar,
Para fazer girar,
As velas dos moinhos.

Inventemos-lhe
Moleiros e poetas,
Que transformem
As palavras em pão,
E gente com fome
Da poesia, que nasce,
Avulsa e livre,
Pelos trigais
Dos nossos poemas.


Lurdes Breda

Teatral quotidiano



Se decoram diálogos
nos palcos da vida terra,
apresentam-se análogos
em enredos da quimera.

Os gestos todos envolvem
diferenças no resistir,
e por ora não devolvem
fábulas de luz no porvir.

Caminhos de tantas ilusões
no teatro que é a vida,
de tamanhas encenações.

O ponto está de partida,
os textos são frustrações
e a peça ficou perdida.


António MR Martins

foto de Londres, by Gonçalo Lobo Pinheiro

quarta-feira, 28 de março de 2012

Hino à Alegria


Tenho-a visto passar, cantando, à minha porta,
E às vezes, bruscamente, invadir o meu lar,
Sentar-se à minha mesa, e a sorrir, meia morta,
Deitar-se no meu leito e o meu sono embalar.

Tumultuosa, nos seus caprichos desenvoltos,
Quase meiga, apesar do seu riso constante,
De olhos a arder, lábios em flor, cabelos soltos,
A um tempo é cortesã, deusa ingénua ou bacante...

Quando ela passa, a luz dos seus olhos deslumbra;
Tem como o Sol de Inverno um brilho encantador;
Mas o brilho é fugaz, — cintila na penumbra,
Sem que dele irradie um facho criador.

Quando menos se espera, irrompe de improviso;
Mas foge-nos também com uma presteza igual;
E dela apenas fica um pálido sorriso
Traduzindo o desdém duma ilusão banal.

Onda mansa que só à superfície corre,
Toda a alegria é vã; só a Dor é fecunda!
A Dor é a Inspiração, louro que nunca morre,
Se em nós crava a raiz exaustiva e profunda!

No entanto, eu te saúdo e louvo, hora dourada,
Em que a Alegria vem extinguir, de surpresa,
Como chuva a cair numa planta abrasada,
A fornalha em que a Dor se transmuta em Beleza!

Pensar, é certo, eleva o espírito mais alto;
Sofrer torna melhor o coração; depura
Como um crisol: a chispa irrompe do basalto,
Sai o oiro em fusão da escória mais impura.

A Alegria é falaz; só quem sofre não erra,
Se a Dor o eleva a Deus, na palavra que O louve;
A Alma, na oração, desprende-se da terra;
Jamais o homem é vão diante de Deus que o ouve!

E contudo, — ilusão!—basta que ela sorria,
Basta vê-la de longe, um momento, a acenar,
Vamos logo em tropel, no capricho do dia,
Como ébrios, evoé! atrás dela a cantar!

Mas se ela, de repente, ao nosso olhar se furta,
Todo o seu brilho é pó que anda no sol disperso;
A Alegria perfeita é uma aurora tão curta,
Que mal chega a doirar as cortinas do berço.

Às vezes, essa luz, de tão frágil encanto,
Vem ainda banhar certas horas da Vida,
Como um íris de paz numa névoa de pranto,
Crepitação, fulgor duma estrela perdida.

Então, no resplendor dessa aurora bendita,
Toma corpo a ilusão, e sem ânsias, sem penas,
O espírito remoça, o coração palpita
Seja a nossa alma embora uma saudade apenas!

Mas efémera ou vã, a Alegria... que importa?
Deusa ingénua ou bacante, o seu riso clemente,
Quando, mesmo de longe, ecoa à nossa porta,
Deixa em louco alvoroço o coração da gente!

Momentânea ou falaz, é sempre um dom divino,
Sol que um instante vem a nossa alma aquecer...
Pudesse eu celebrar teu louvor no meu Hino!
Momentâneo, falaz encanto de viver!

O teu sorriso enxuga o pranto que choramos,
E eu não sei traduzir a ventura que exprimes!
Nesta sentimental língua que nós falamos,
Só a Dor e a Paixão têm acordes sublimes!

António Feijó (1859-1917), in 'Sol de Inverno'

arde o horizonte da nossa contemplação



poisam as fagulhas doentes
nos intervalos da terra queimada
e na outra,
virgem deste lesar,
ao suspiro de um vento
que não acode ao salvamento.

o fumo avassala a serra
numa espessa nuvem,
que só transmite calor
e uma dificuldade no respirar.

este vil sofrer
do apaziguar sem contemplação,
nos submete
ao desapreço do desassossego.

na naturalidade das coisas…
há o gesto criminoso
que tanto maltrata o que nos rodeia.

o desatino não tem medida,
a incompreensão não se revela.

tanta coisa se perde…
sem a transformação devida
e salutar da Humanidade.

e o crime tanto compensa
a baixeza das mentalidades,
sem preconceitos.

cada vez mais…
nos sentimos tão pequeninos.


António MR Martins

sábado, 24 de março de 2012

Apresentação dos livros "Máscara da Luz", de António MR Martins e "Memória das Cidades", de Vítor Cintra, no Hotel Moliceiro, em Aveiro (2012.03.23), em fotos


Ocorreu, a 23 de Março de 2012, no Hotel Moliceiro, em Aveiro, a apresentação dos livros
"Máscara da Luz", de António MR Martins e
"Memória das Cidades", de Vítor Cintra.

Mais um pedaço do percurso das apresentações destes livros, na sua divulgação e promoção,
que vão acontecendo em simultâneo.

Este um espaço, inserido numa localidade, a que não podiamos faltar.


António MR Martins e Vítor Cintra.


A mesa de honra da sessão.

Da esquerda para a direita: Vítor Cintra, autor de "Memória das Cidades",
Rita Capucho, Presidente do Grupo Poético de Aveiro, que apresentou obra e autor de "Memória das Cidades", Pedro Baptista, o editor, pela Temas Originais,
Conceição Oliveira, membro do Grupo Poético de Aveiro, que apresentou obra e autor
de "Máscara da Luz" e António MR Martins, autor de "Máscara da Luz".


Conceição Oliveira num momentâneo em que
fazia a apresentação do livro "Máscara da Luz".


Um aspecto da atenta plateia.
Poucos, mas muito bons.


Rita Capucho faz a apresentação
do livro "Memória das Cidades".


António MR Martins no uso da palavra,
tecendo opinião sobre a sua obra em apresentação.


Vítor Cintra fala do seu livro "Memória das Cidades".


O tempo para os habituais autógrafos.
Aqui Vítor Cintra autografa o exemplar adquirido
pela poetisa Elvira Almeida.


Já António MR Martins assina e dedica
o seu livro a uma familiar, a sua prima Maria Helena.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Apresentaç​ão dos livros "Máscara da Luz", de António MR Martins e "Memória das Cidades", de Vítor Cintra, no Hotel Moliceiro, em Aveiro, dia 23 de Março de 2012, pelas 21 horas



Caros amigos,

Com o apoio do Hotel Moliceiro, em Aveiro, a 23 de Março, pelas 21H00, serão apresentados numa das salas do hotel, para esse efeito, os livros de poesia "Máscara daLuz", de António MR Martins e "Memória das Cidades", de Vítor Cintra, edições Temas Originais.

Obras e autores serão apresentados por Conceição Oliveira e por Rita Capucho, membros do Grupo Poético de Aveiro, respectivamente.

Se puderem apareçam e venham saudar a palavra, no conceito da poesia, connosco.

Todos serão bem vindos!!!

Gratos pela atenção.

António MR Martins e Vítor Cintra




Imagem do Hotel Moliceiro, retirada da net.

Fio de cabelo



Escondi-me no teu cabelo enquanto li a poesia. Ouvi o rasgar da pele na ponta da minha caneta. Demorei. Em alguns minutos engoli o meu corpo e vesti, tolhido, a minha alma com a roupa amorfa do fim do dia. No teu cabelo perco a inocência. A coerência igualmente. Escrevo, despido, o tempo que parou e não passa. Não resolve o mofo das coisas nem, tão pouco, remove a hora e a caneta da minha mão. Tão macio o teu cabelo...

Gonçalo Lobo Pinheiro

O sentido de ser mulher

Há um brilho límpido humano
Na ânsia de tantas vidas
Entre ensaios da natureza
E o aroma das flores perdidas
No meio de tanta beleza

Há uma luz cambiante
Que alterna com a bonança
Tal como no céu uma estrela
Desencadeia a esperança
Que no olhar germina ao vê-la

Há a força que vem do íntimo
E uma sensibilidade suprema
Entre a razão e a sensatez
Que desfralda tanto lema
Em vínculos de amor e solidez

Há o caminho da vida
E o que nele se representa
Como símbolo da Humanidade
Que dando à luz alimenta
Um apelo à eternidade

Há uma luz no mundo
Que regozija também
Pela ternura que de ti vier
Elevada ao papel de mãe
No sentido de seres mulher


António MR Martins

2012.03.08
Dia Internacional da Mulher

quarta-feira, 7 de março de 2012

Poema CX


Dizer catorze versos ao acaso,
falar de ti, de mim, falar de nós.
De nós, que nos cantamos num abraço
e que nos abraçamos com a voz.

Que vou dizer de ti, eu, que te amo
e isso é ter-te em mim, como se eu fosse
cada um dos momentos em que chamo
por Deus que me criou quando te trouxe.

Ó meu amor, que vou dizer-te agora
quando nada me chega para o canto
que de ti se alimenta e me devora?

Cantar-te, estando lúcido, é estar louco.
Não sei que mais dizer-te nesta hora,
pois dizer que te amo é muito pouco.


Joaquim Pessoa

in O POUCO É PARA ONTEM, Litexa Editora, 2008

A escolha das palavras


Andam palavras à solta
pelo trem do pensamento,
expressando sua revolta
em salpicos soltos ao vento.

Desfilam no seu percurso
por entre cada estação,
esperando pelo seu uso
mesmo sendo à condição.

Se as palavras têm alma
respiram se as escrevem
no verso que as acolhe.

Uma ríspida, outra calma
são as certas se merecem
enlevo de quem as recolhe.

António MR Martins

Foto: Bobby McFerrin (Macau), by Gonçalo Lobo Pinheiro.

quinta-feira, 1 de março de 2012

"Um Quadro"



O pintor abre a janela,
o aroma de um pêssego cola-se na tela.
Sente as mãos da manhã envolverem-lhe a pele:
gotas de tinta
pinceladas ao acaso.
Apetece-lhe o quadro, a madurez do fruto que se desfaz
a polpa, a cor acetinada misturada de memória.
A lucidez de um quadro que se avizinha,
entrecortado de vento,
- o secante da pintura –
um rosto, um fruto, um corpo de mulher
um olhar deitado no feno de Verão.
uma cascata. Um chuvisco de Agosto
um luar que se funde na trovoada…
criação do nada em aguarelas adormecidas
enquanto a tela mergulha no ocre da terra
como quem possui lingotes de ouro
- derretidos a preceito –
prevalece o aroma do pêssego:
e sente-o suave, aveludado
num ombro de mulher onde cola os dentes
um quadro, pintado no desejo!
Anoiteceu e nem deu por isso…
São horas de fechar a janela.


Dalila Moura Baião

Gotas perdidas


Uma gota de água
escorre no sentido
da negação constante
como vaga de esperança

Outra gota
salgada
lágrima de tantas outras
inventa o que não consegue

Já não há gotas
que alimentem a sede
da secura de tantos sóis
e do frio desesperante

Os rios desaguam
menores
no mar que lhes cabe em foz

E os barcos deixaram de navegar


António MR Martins

Foto by Gonçalo Lobo Pinheiro - Lantau.