quinta-feira, 29 de março de 2012

Façamos nascer a poesia


Façamos
Nascer a poesia!

Cultivemo-la
Em searas de papel,
Como quem
Semeia trigo
No ventre da terra.

Demos-lhe
Beijos de chuva
Por entre
Raízes sem chão,
Folhas
E palavras secas.

Mondemos-lhe
Os verbos tristes
E a mágoa
Das frases,
Com que espreita
O voo das andorinhas.

Ofertemos-lhe o sol,
Em adjetivos de luz,
Para amadurecer os versos,
Ainda verdes de esperança.

Descubramos-lhe
Ceifeiras
Com sede
De poemas
Abertos em flor.

Sopremos-lhe
O vento,
Numa cantiga
De embalar,
Para fazer girar,
As velas dos moinhos.

Inventemos-lhe
Moleiros e poetas,
Que transformem
As palavras em pão,
E gente com fome
Da poesia, que nasce,
Avulsa e livre,
Pelos trigais
Dos nossos poemas.


Lurdes Breda

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