terça-feira, 4 de março de 2014

Natália Canais Nuno




SAUDADE ONDE ME FAÇO CAIS

Sou barca, vogando em maré-cheia
sem destino neste monótono mar…
Barca fantasma sem rumo ou ideia,
que anda à procura sem se encontrar.

Sou barca à deriva num poema lento
olhando fins de tarde buscando certeza
uma saudade imensa e nu o pensamento,
na boca beijos a que ainda estou presa.

Remoto o tempo na distância percorrida
derradeira esperança levo ingenuamente!
Não paro que o tempo me leva de vencida

navego neste mar… Onde não sou mais
nem onda, ou maré, ou sequer corrente
apenas saudade onde me faço cais…

Natália Canais Nuno, in “A Melodia do Tempo”, página 33, edições Lua de Marfim, Outubro de 2013.

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