O Viajante
Vem de longe e carrega consigo
as mercadorias e os seus bens.
Pelos trilhos celestiais traça as suas
rotas,
pela face das pessoas
estabelece as suas raízes.
À noite, partilha o céu com a sua
mulher
enquanto escuta a vida cá fora.
Distraído, engole a última refeição do
dia
enquanto o sol se põe
e o horizonte se veste de negro.
Os mercadores algaraviam numa língua
que ele não compreende.
De madrugada, um aperto no coração,
adormece.
A flauta na manhã enevoada
e ele sai da tenda, parte sem mais,
deixa tudo,
nunca mais é visto.
Sabe-se que agora é feliz.
Sara Timóteo,
in “Chama fria ou lucidez”, página 19, edições Papiro Editora, Agosto, 2011.
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