sexta-feira, 7 de julho de 2017

Joaquim Pessoa


Joaquim Pessoa, imagem da net.



BOM DIA, MEU AMOR!

Acordo-me. Acordo-te. Sorrio.
E sobre a tua pele que a minha adora,
navega o meu desejo, esse navio
que sempre parte e nunca vai embora.

E como um animal uivando o cio
de um milénio, de um mês ou uma hora,
não sei se morro ou vivo, ou choro ou rio,
só sei que a eternidade é o agora.

E calam-se as palavras, uma a uma,
feitas de sal, saliva, dor e espuma,
com a exacta dosagem da alegria.

Bom dia, meu amor! O teu sorriso
é tudo o que me falta, o que eu preciso
para acender a luz de cada dia.

Joaquim Pessoa, in “Os dias não andam satisfeitos”, página 53, Edições Esgotadas, Março 2017.

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