sexta-feira, 21 de julho de 2017

Olinda Beja


Olinda Beja, imagem da net.



Fragilidades - II

descia na falésia a sombra de teus olhos
cílios luarentos de papaias e de mangas
flutuava em teu desejo a noite e a madrugada

tamborilavas no zinco do meu peito enquanto a lua
se espreguiçava em nossa verde cama

e eras como a chuva abrindo sulcos fundos no capim
e eras o ossame e o quiabo do meu gosto
e eras a canoa à deriva no meu mar

fundeámos em estrelas de alísios pensamentos
erguemos a coragem e o sextante do navio

remadores ficámos de agitadas águas nas margens de Paguê

 
Olinda Beja, in “À Sombra de Oká” (Prémio Literário Francisco José Tenreiro), página 71, Edições Esgotadas, 2015.

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