sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Infrequências


Imagem da net.




“E, todas as entidades que ignoro
sentem que as amo,
que aprecio a inutilidade dos seus olhos,”

João Rasteiro,
in “A Auscultação da Triangularidade”

“cego não é
aquele que não vê,
é todo aqueloutro
que não quer ver!...”

olhares amorfos, brutalmente amorfos,
não aprofundam a evidência
da singularidade observadora
numa amplitude consciencial.

um dia
a raiz do mundo
voltará a ser raiz,
de qual quer modo.

há um apetrecho inseguro
quando se olha de soslaio
ou se transmite um cabisbaixo
amedrontado.

o trânsito humano
descambará num dia maior
e todos os sinais luminosos
passarão a ser
meros estorvos paisagísticos.

mas nesse dia
continuará
a paisagem a existir?

ou a sua raiz secará
de inexorável modo?!...

António MR Martins

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