sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Teresa Teixeira


Teresa Teixeira, imagem da net.




Poema subcutâneo

Por baixo da minha pele
há caminhos insuspeitos
vias sacras consentidas
labirintos construídos
a cinzel.

Por baixo da minha pele
há rios que me repartem
em mil pedacinhos d’alma
marés vivas, margens calmas
barcos pedaços de noz
ventos que doem na voz
das sereias que ouso ser
nas veias de me não ser.

Imprevisível mulher
que em noites de lua cheia
se transforma em mim profunda
e rasga em dor fina e funda
o espartilho de seda
que é minha pele labareda
secando rios adentro
queimando fios por dentro…

Por baixo da minha pele
tenho jardins proibidos
onde cultivo as chuvas
mais secretas.

Sob o véu que faço delas
tenho um jardim permitido
onde semeio as dúvidas
dos poetas:

“Por baixo da nossa pele…
…somos o céu ou o inferno?...”

-

Por baixo da minha pele…
sou as linhas de um caderno.

Teresa Teixeira, in “Labiríntimos”, páginas 10 e 11, edições Lua de Marfim, Setembro de 2015.
    

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