Lília Tavares, imagem da net.
Guardadora de ventos
Cheguei
a casa quando anoitecia.
Ainda
quente, o vento empurrava-me o vestido.
Por
um instante senti-me ave
levada
por brisas, plumas e enigmas.
A
aragem entontecia-me de prazer.
Queria
ficar nos braços daquele vento.
Imaginei
que o anoitecer me pertencia.
De
pé, senti o teu corpo.
O
meu, aberto e solto, deixou-se ir.
Sou
apenas uma guardadora de ventos.
Lília Tavares, in “Nomes da Noite”, página 50, Colecção “A Água e a Sede”,
edições Modocromia, Janeiro, 2019.
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