António Correia
Mudanças
Muda o tempo, conforme as estações:
faz sol ou chove, está calor ou frio;
sobre a noite, sucede sempre o dia…
E, em mim, mudam também as emoções…
A um tempo, me alegro ou entristeço,
com as coisas mais simples e banais…
O meu humor tem variações tais
que não entendo, nem sequer mereço…
Se sou filho do sol, não quero o vento,
nem a chuva ou borrasca; quero a luz,
essa luz que alumia e nos conduz
ao Nirvana que, em nós, é pensamento…
Ser e não ser, ausência de tudo…
Mas, até lá, a via é bem estreita
e em todo o lado o mal é que espreita,
se o nosso anjo bom dorme ou fica mudo…
Se a emoção muda, certamente eu não,
porque vivo da essência do poema,
face e reverso do eterno tema:
o amor por tudo o que há na Criação!
António Correia, in “Minha Raiz”, página 128, edições Proart&Letra, 2010.
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