Catarina Domingues, imagem da net.
inversão
flor de pedra
lótus sem chão
um peixe sem laranja
e a cidade corre acordada
é um templo sem ideias.
estou virada do avesso
palmas das mãos erguidas na terra
pés enterrados ao vento
e a torre invertida
um sino pousado no chão.
o meu amor tem uma floresta
no lugar do coração
desceu-lhe o céu à ponta dos dedos
fugiu-lhe pela boca a coisa errada
e entre o templo e a torre
o meu corpo meio morto.
fim de tarde
de um banco sem gente
corre a lua em mármore
nada o peixe sem cor
e a cidade acordada
ainda sem ideias.
Catarina Domingues, in “RAEM 20 anos”, poema 9, edição e coordenação Casa
de Portugal em Macau, patrocínio Fundação Macau, Novembro 2019.
Sem comentários:
Enviar um comentário