Carlos André, imagem da net.
Largo do Lilau
Casas, largo, sombras, cores,
árvore alçada no meio,
tudo olho, tudo leio,
por ver se guardam sabores
a sementes de centeio
que sobraram da viagem,
pão de trigo, pão de amores,
ali escondido nas flores
ou nos becos desta aragem
que cicia mil odores.
E busco também a fonte,
Entre a sede e a lembrança,
com um sorriso de esperança,
que Lilau, ao rés do monte,
é certeza que não cansa,
é sobra de vento, galera,
caravela na bonança,
afago de quem alcança
por mor de quem desespera,
no porto da segurança.
Pelas pedras da calçada,
pelos bancos de jardim,
sob o olhar do Mandarim,
Lilau é hora pousada,
não é começo nem fim;
é lugar e não lugar,
como quem não espera nada;
é praça despovoada
que Lilau, no seu vagar,
é história desembarcada.
Carlos André, in “RAEM 20 Anos”, Poema 5, edições Casa de Portugal em Macau, Novembro
2019.
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