sexta-feira, 24 de julho de 2020

Alberto Pereira







Alberto Pereira, imagem na net.




V

Não venhas agora,
as árvores tremem nos móveis
e a tempestade não adormeceu na cama.
Os lençóis assobiam o teu nome
e dizem os retratos,
os pássaros são barcos para a insónia.

Não venhas agora,
as paredes hospedaram o vento
e nos atris os versos dançam falésias.
Há livros com janelas doentes
e as histórias agasalham-se no nevoeiro.

Não venhas agora,
as paisagens passeiam naufrágios
e Agosto está numa cadeira de rodas.

Quando regressares,
os dias estarão sós.

Alberto Pereira, in “Viagem à Demência dos Pássaros” (CRÓNICAS DO NEVOEIRO), página 54, edições {glaciar}, 2017.      

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