[Temos carinhos arrefecidos nas mãos]
Temos carinhos arrefecidos nas mãos.
Ficamos entorpecidos
quando damos pelos despojos
dos minutos atirados
como amarga casca de fruta.
O sol ultrapassa a janela,
mas insistimos em ver brumas.
Aves cantam nas árvores vizinhas,
contudo é com o mar que privamos.
Fez-se inverno no quarto,
vazio como cela fria e desflorada.
Das flores, que dizer antes que sequem?
As águas de amanhã já são
tardias para esta sede.
Lília Tavares, in “a timidez das árvores”, página 90, Colecção
Mãos de Semear – Livros Lília Tavares, 1, edições Modocromia, Novembro de 2020.
1 comentário:
Grata, amigo António MR Martins.
Um beijinho.
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