Real, real, porque me abandonaste?
E, no entanto, às vezes bem preciso
de entregar nas tuas mãos o meu espírito
e que, por um momento, baste
que seja feita a tua vontade
para tudo de novo ter sentido,
não digo a vida, mas ao menos o vivido,
nomes e coisas, livre arbítrio, causalidade.
Oh, juntar os pedaços de todos os livros
e desimaginar o mundo, descriá-lo,
amarrado ao mastro mais altivo
do passado! Mas onde encontrar um passado?
Manuel António Pina
in livro "Os Livros", página 17, Assírio & Alvim, Lisboa, 2003.
1 comentário:
Fiquei pensando: será que um Poeta consegue renegar sua poesia? Tenho dúvidas, difícil renegar um filho concebido...
Boa noite,
Helen.
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