O tempo
Como
um rio, ele corre veloz
Para
a foz.Agora mais calmo, vai sem tropelias
Sem vencer montanhas! Débeis agonias!
De vez em quando para, espraia-se em delta
De braço dado à vida! Enlaçado no mesmo fio
Saudoso, olha para trás
Beijando amoroso a estrada do rio.
Porém, como a vida em desafio,
No mesmo laço, num terno abraço se volta a unir.
Assim caudaloso aperta-lhe a mão
Para em união jamais se partir.
Depois, inconsciente
Recorre à nascente
Numa telha de água
Ou fonte ao luar.
E, no cais da partida, de olhos fechados
Já limpo e sem mágoa
Vai espraiar-se no meio do mar.
26/08/04
Donzília Martins, in “Espólio de Saudade”, página 109, edições Lugar da
Palavra Editora, Julho de 2015.
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