Abraão Vicente. Imagem da net.
versos impunes
Já não há contos
de embalar ou
fadas madrinhas
com quem possas
selar alianças e inventar
asas de licórnios
voadores onde
te possas esconder
da vida, do pesar
e das pérolas
ensanguentadas
que o amor
te reserva.
Poe-te a contar
com minúcia e fervor
os dias de alegria
e a incoerência que
ainda te restam,
nobre criança.
Vem até mim, vem
quero-te embalar
na melodia do antes
do fim.
Andatas, valsas e
mariachis loucos…
Onde estavam os corpos?
Em que areia movediça,
em que praia as
donzelas trincaram
laranjas ácidas de
um pomar inaudito?
Sabre, safira,
pedra ume.
Que canção
saberá cantar
o Príncipe
perante o abismo
do teu sexo
descoberto?
Mar, rosas, espinhos
clichés fatais e a
morte da inocência
três tristes tigresas
Simone, Akhmátova
e Florbela
de mãos entrelaçadas
na espuma do vento
que as desfolhou
em versos impunes
pela morte.
Abraão Vicente, in “amor 100 medo, cartas improváveis & outras letras”, páginas 32 e 33, edição do Autor, Dezembro de 2014.
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