Borboletas pretas, imagem da net.
no parapeito,
onde adormecem as saudades
das remotas horas da infância,
há uma janela semi fechada
entre as madeiras,
que quase a encerram.
daquela trémula imagem
se esconde um mortiço olhar,
resultante duma idade dos tempos,
na penumbra do interior
perante um genuíno silêncio.
de vez em quando
uma convulsiva tosse,
de voz grave e rouca,
perturba todos os sons inaudíveis.
e o quase vazio da vida,
ganho pelo passar dos anos,
naquele último espaço
de uma caminhada existencial
afugenta o pousar das borboletas.
será na residência final
que a flor última
desencadeará o retorno
de todas as mariposas.
António MR Martins
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