segunda-feira, 31 de julho de 2017

Teresa Teixeira


Teresa Teixeira, imagem da net.



Agenda aberta

(Descobri que é fácil morrer: basta entregarmo-nos…)

…Como quem perde
todas as julgadas vitórias num passe
num flash, que nos entra nos olhos
e converte todas as lágrimas em grãos de areia.
Quantos grãos de areia…?
Talvez tantos, quantos anos tenhamos evitado a luz.
A cruz, essa
foi só conversa
(fiada)
que a vida não nos dá nada
empresta
uns trocos que nos iludem
a própria preciosidade
e dela nos cobra juros
mais cedo ou mais tarde.
A morte é de boas contas:
fiel, espera-nos sempre
basta entregar as pontas.

(Vida, diz-me quanto te devo, quero agendar o meu pagamento.)

 
Teresa Teixeira, in “Labiríntimos”, página 30, edições Lua de Marfim, Setembro de 2015.  

  

2 comentários:

Teresa Teixeira disse...

Obrigada, António, um beijinho.

António MR Martins disse...

Não há que agradecer. Este belíssimo poema vem enriquecer o meu blogue. Beijinho.