Uma pinta brilhante, de cor verde, como tantas outras, daquelas que surgem na companhia de centenas, às vezes milhares, adornando vestuário, malas, sapatos, adereços carnavalescos, colares de fantasia, em inúmeros locais. De repente aparece colada ao braço do meu filho: Olha uma pinta verde!, diz ele e de seguida vem com esta: Escreve um poema sobre uma pinta verde! Aí está o poema! A foto é de sua autoria.
"A pinta verde", foto de Gonçalo Lobo Pinheiro.
A pinta verde
era pequena,
diabólica, pervertida.
Saltava a qualquer toque,
da forma
mais consentida.
A pinta verde
tinha brilho,
mas não era como as estrelas,
nem ao sol se comparava
e tão pequenina que ela era!...
Pegava-se entre dois dedos
das mãos de quem quisesse,
mais tarde, se transformou
e só lhe tocava quem pudesse.
A pinta verde
fugidia,
escondia-se das demais,
que pintas como ela
não tinham,
era uma pinta com ideais.
Certo dia desapareceu!
Nunca mais se viu sua pinta.
Não sei que lhe aconteceu,
mas fez correr muita tinta!
António MR Martins