David Mourão-Ferreira (1927-1996). Imagem da net.
Prelúdio
Tombam secretas madrugadas
e rios densos de pavor
de tuas pernas devassadas
por meu instinto e meu amor.
Em teus joelhos levantados
tocam as pontas de uma estrela.
(Quaisquer receios de pecados
empalidecem à luz dela…)
E as tuas ancas repousadas,
pra que o meu corpo se concentre,
esperam, cativas, - que as espadas
de amor se cravem no teu ventre.
David Mourão-Ferreira (1927-1996), in “Obra Poética” – I volume, página 37, edições Livraria
Bertrand, 5.a Edição, Janeiro de 1980.
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