Helder Moura Pereira, imagem da net.
UM OUTRO ABANDONO
No firme firmamento
oscilo e durmo as viagens
todas que não fiz, dei tempo
ao tempo e aqui a idade
colocou o seu destino.
Obedeço e volto à parede
negra dos sentidos, quando
a estrela do sul vier
verás o liso corpo
e a pedra duradoira.
Em ti se partem ramos
nos joelhos, por ti regresso
a este verso, na mó
dos dias geme a prensa
útil das manhãs.
Ao dobrar o peito
para a terra sei do que falo,
peço o raso jardim
do outono. E que desfeita
em mim a mão se vá.
Helder Moura Pereira, in “De novo as sombras e as calmas”, Poesia 1976/1990,
página 572, edições Contexto, 1990.
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