Este livro é um tesouro, com um valor
incalculável. É a forma ideal de ficarmos com o saudoso José-Luís Ferreira,
junto de nós, para todo o nosso sempre. Com a sua Arte e a sua Poesia, sempre
ao nosso dispor. Além disso, traz consigo a Imagem de Henrique Gabriel, seu
amigo de sempre, que teve o grandioso labor de idealizar esta obra e de a coordenar,
com afinco e sensatez, o que desde já muito agradeço.
José-Luís Ferreira sempre fugiu à
normalidade, se ela alguma vez se poderá padronizar ou lá o que isso seja. Nem
sempre agradou a quem o leu. Não era homem de feitio fácil, mas era um amplo
criador, com horizontes longínquos e sempre inovadores, sempre sagaz, sempre
mordaz, sempre efervescente, sempre provocante, sempre presente. Não esqueço as
nossas conversas telefónicas e os seus irreverentes conselhos.
Quis que ele apresentasse o meu livro ”Máscara
da Luz”, em Viseu, no ano de 2012, e aceitou. Foi uma sensação de felicidade,
que em mim se fez sentir. Chegou à respectiva sessão no seu termo, ainda
tirámos umas fotos. Era, e sempre será, José-Luís Ferreira.
Saudades!!!
o poema
tece uma teia de penumbra
semeada de tições
ao longo das ruas
o poema
somem-se na brisa
árida
e fria
freme a teia
tremem os tições
alargam
as sombras enchem de noite
a alma das crianças pobres
o poema
é urgente reinventar o dia
iluminar os olhos por dentro
com velas de altar e estearina
ou seguir pelo poente atrás do sol
o poema
e as mãos vazias voltadas ao céu
sedentas de espaço
enclavinham-se
porque
o poema
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