O RIO, DO ELÉTRICO
Vejo
o rio Mondego e não se movem
As
águas opacas, misteriosas.Nascem longe, na Estrela, e ociosas
Passam por Coimbra, pela Portagem.
Olho
as águas, deste rio, vaidosas
(A
minha alma fechada é sua imagem),Enquanto, o elétrico de passagem
Vai com elas cintilantes, e rosas.
Vou
a pensar em mim e neste rio,
Com
tantos olhos postos sobre mim,Sem sentir a humildade do contágio.
Sou
eu o rio no meio do festim,
Insondável
e brilhante e com brioCorrendo suavemente até ao fim.
Ângelo Alves, in
“Falo Do Fundo”, página 54, edições Papiro Editora, Janeiro de 2014.
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