quarta-feira, 19 de novembro de 2014

José-Augusto de Carvalho





Terra Sagrada

Nos campos perdidos, as pedras resistem.
Vestígios passados, no tempo presente.
As ervas medrando, silvestre semente,
viçosas gritando que nunca desistem…

As pétreas ruínas, no chão decadente,
são marcos, são ais, são sinais que persistem
nos tempos danados que fingem que existem,
são esta agressão a doer indecente…

Nas ervas que medram, assombra a saudade
dos louros trigais, na promessa do pão
que a fome sacia na ceia suada…

Ah, tempos danados de mediocridade!
Ah, terra sagrada! Que profanação
assim te sujeita às grilhetas do nada?

José-Augusto de Carvalho, in “Pátria Transtagana”, página 40, edições Temas Originais, 2014.

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