sábado, 8 de novembro de 2014

Poema inacabado


Imagem da net, em: www.poemadia.blogspot.com


“Se não souberes cozinhar,
não sirvas poemas a ninguém.”

Joaquim Pessoa

 

 
Faltam-me as palavras perdidas
e as brancas do puro silêncio
para que possa acabar um verso

Este é o poema sem fim
onde o poeta não existe
e a inspiração poética se eclipsa
sem rodeios
inexplicavelmente

Faltam-me as palavras esquecidas
e o ventre do poema
não se permite ficar prenhe da próxima palavra
em estéril hecatombe
neste indelével rastrear teórico da mente

Este é um poema em lume brando
sem condimentos
e especiarias apaladadas
que alimentem rigorosamente os íntimos
com a plausível sentida intensidade

Falta-me a precisa palavra
pleno sal das memórias armazenadas
e assim fica este poema
inacabado
sem têmpero
e sem o proeminente travo da poesia
incompreensivelmente

António MR Martins

Sem comentários: