terça-feira, 29 de março de 2016

Dá-me um beijo





Como uma folha
tomba da árvore desnudada
tocando os ramos
empobrecidos
até chegar ao silêncio do chão,
dá-me um beijo!...

e quando outra folha
desponta no mesmo ramo
de semelhante árvore
trazendo a companhia de nova vida
e o florescer de outra estação,
dá-me um beijo!...

e se uma ave
poisa de mansinho
no ramo que a acolhe
no consentimento da árvore
perante a magia da pura alegria,
dá-me um beijo!...

se uma nova manhã
renasce no novo dia
difundindo a claridade
perante o florir dos campos
e o perfume de todas as árvores,
dá-me um beijo!...

dá-me um beijo
durante a tarde soalheira
na noite mais invernosa
na manhã primaveril
durante as madrugadas
de todas as nossas noites de loucura.

Dá-me um beijo
a qualquer hora
de todo o tempo da nossa espera
e da ansiedade terna da nossa vida.

António MR Martins   
 
 Dia de S. Valentim, 14 de Fevereiro de 2016                                     

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