quarta-feira, 23 de março de 2016

miragens





sinto faltas e vazios, em mim.

vejo-me num contínuo debruçar
para o abismo existencial.

pedaços de meu corpo,
adormecidos,
se perdem na sua dormência.

sinto profundos cortes da carne,
donde tentaram tirar o mal
com que me deito,
pela raiz.

mas tudo parece ser em vão
embora a esperança
seja interminável.

tenho segundos e minutos,
muitos,
talvez horas ou dias,
quiçá meses,
de alguma felicidade.

mas já tenho tempo demasiado
de amargura.

 
António MR Martins, in “Severo Destino”, páginas 16 e 17, n.º 3 da série “mínima”, da Temas Originais, em 3.ª Edição, Março de 2016.  

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