segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Epílogo


Imagem da net.



Sinto as dores da conformação
onde a palavra já não mexe
e o apêndice de cada verso
tem uma fugaz presença
no apagão das memórias.

As brancas inodoras permanecem
como devaneio oposto ao seu estatuto.

Cada princípio tem um fim,
dizem! Mas não ultimem a palavra.

Ai
estas dores não abalam
e a resistência
já não tem a força de outrora.
Os registos já não existem
e a consonância entre que já está feito
evapora-se.

Sinto as dores do conflito
das gerações esquecidas
na omissão de cada poema.

Os laços afectam a mediocridade
sem sentido qualificativo
e em quantidades efémeras.
Tudo é passageiro,
ao fim e ao cabo.

Ai
como as dores penetram em meus ossos
num aguçado percurso
em maldição exasperada,
nada parece ter sentido.

Fica o aperto das palavras
pelo nó da discórdia
e na envolvência do verso
que anseia pela liberdade!...

 
António MR Martins

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