sábado, 11 de novembro de 2017

Dalila Moura Baião


Dalila Moura Baião, imagem da net.




ENTRE NÓS E O INFINITO

Amamo-nos assim
entre as palavras e a melodia.
Entre o espasmo dos dias
e a brancura da noite.
Soltam-se os fios de luar e tecemos
a cama e o fogo.
Incendiamos as horas – num único momento –
E toda a labareda alastra como furacão
com olho no mar.
Um barco. Um cais deserto.
Duas mãos que remam num toque de sal
que escorrega no corpo e no silêncio.
As palavras não fazem falta.
A ausência é o local onde nos encontramos.
O verde propaga-se entre os olhos e os limos.
Tudo é mar! Toda a nudez se veste de espuma.
E carícia.
Amamo-nos assim: entre o mel e o silêncio.
Entre nós e o infinito.

 
Dalila Moura Baião, in “Quando o mar corre no peito”, página 34, edições El Taller del Poeta S. L., Pontevedra (Espanha), 2014.

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