quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Teresa Brinco de Oliveira


Teresa Brinco de Oliveira, imagem da net.




Dispersão

não eram limites as palavras nem os caminhos.
nem o rio tinha margens.
não era o caso. nunca foi o caso.
havia uma nascente cristalina perto da casa. não foi ultrapassada.
a casa era branca. ficou escura.
só tentei dizer que não entendia
o escuro da casa. as cores diluíram-se. a parede soçobrou
no silêncio. e só tentei o murmúrio da nascente.
e era justo. e não fui injusta.
e as palavras acabaram sendo vãs
e tão poucas. e por isso se perderam como a nascente.

quando as palavras encontraram o vértice do ângulo
entraram num gráfico de dispersão
irremediavelmente.

 
Teresa Brinco de Oliveira, in “O Riso Rasgado do Tempo”, página 64, edições edita-Me, Maio de 2011.       

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