Pedalei o teu corpo
na minha bicicleta
hora após hora
dia após dia
cruzando prados e serras
de noite e de dia
silêncio e melodia
na minha bicicleta
da infância
Hora após hora
dia após dia
no teu corpo
construi uma casa
e um jardim
onde enterrei o passado
e a minha bicicleta velha
Cem vezes
no teu corpo ou jardim
plantei
cem videiras de vinho novo
e nos teus seios
caí embriagado
hora após hora
dia após dias
em bicicleta
e sem passado
Era meio dia
e tinha fome
trepei à arvore
comi o fruto
doeu-me a barriga
parei
deu-me vontade de vomitar
vomitei:
-sapos, cobras, répteis
e na tua boca ancorei
o meu navio
até ao dia nascer
até ao dia morrer
morri contigo.
José Ilídio Torres
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