Mas, nesta dor miudinha,
Profunda, doce, daninha,
Há um encanto d'esperança.
Nela tu és, por lembrança
Dos tempos da mocidade,
O mito da f''licidade,
Que o meu desejo constrói.
Por cada mulher que vejo,
Sinto ternura e desejo.
E todas as que conheço
Acho bonitas, confesso.
Mas sinto, porque te quero,
A dor do meu desespero.
Aquelas, com quem cruzei,
Só possuí, nunca usei.
Não fiz batota com elas,
Nem fiz promessas balelas.
Dei, nessas posses, carinho.
Não quis vivê-las sozinho.
Mas esta dor, que corrói
A mente, como a vontade,
Resulta da intensidade
Do teu fascínio. Enquanto
Minha alma cede ao encanto,
Meu corpo grita, bem alto,
Sentidos em sobressalto:
Quero-te tanto que dói!
Vítor Cintra
in "Pedaços do Meu Sentir", edições Temas Originais
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