Quando acordei,
Estava nu na areia da praia,
Era manhã e estava frio,
Havia alguma roupa ao lado
E vesti-a.
Caminhei e a praia estava deserta.
Quando acordei,
Estava na cama,
Olhei um despertador com a forma de uma bola de futebol,
Era cedo,
Ela a meu lado, mexeu-se
E não lhe reconheci o rosto,
Apalpei o meu
E as rugas não condiziam
Com a noção de mim.
Quando acordei,
Era tarde e estendia a roupa
Senti-me demasiado gordo
E com bafo a bagaço.
Quando acordei,
Estava no meio do trânsito,
Tinha uma farda estranha
E doía-me os braços de acenar
Á multidão de bicicletas e
Carros de bois,
Gritavam comigo.
Quando acordei,
Cortavam partes do meu corpo
E doía-me,
Não conseguia falar.
Quando acordei,
Era pardal
E cai,
Um cão abocanhou-me
E largou-me numa relva suja.
Quando acordei,
Era mulher e algo saia pelas pernas
Com dores excruciantes,
Gente de branco incitava-me
Mas não ouvia as suas vozes.
Quando acordei,
Soprei um balão perto do carro da policia,
E vomitei junto a roda,
Uma mão forte
Agarrou-me no braço.
Quando acordei,
Era sol
E deixei de brilhar
A escuridão instalou-se
Para sempre.
Quando acordei,
Era eu,
E juro que não beberei mais.
Carlos Teixeira Luís
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