Centos de doidos vivem nesse hospício
(Quem no diria, olhando cá de fora...?!)
E o portão dança já no velho quício,
Dança, e faz entrar mais a toda a hora.
Trazem todos um sonho, um crime, um vício,
Foram imperadores longe, outrora,
E em seus rostos de espanto ou de flagício
Não sei que ausência atroz me comemora.
Faz medo e angústia olhá-los bem nos olhos;
E, lá por trás de grades e ferrolhos,
Estoiram de ansiedade desmedida.
- Meu corpo, ó meu hospício de alienados!
Abre-te aos meus desejos enjaulados,
Deixa-os despedaçar a minha vida!
José Régio
in livro "Cântico Negro" (Antologia Poética), Selecção e organização de Luís Adriano Carlos e valter hugo mãe e Estudos introdutórios de Luís Adriano Carlos, na página 42, 1ª. Edição, Setembro 2005, edições Quasi.
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