segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Salgam os olhos do mundo

Salgam os olhos das crianças
No verter das lágrimas da fome
E no arremesso do seu desespero

Salgam os olhos de suas mães
Na pobreza que lhes deu nome
Perante o mundo cruel e austero

Salgam os olhos do suplício
Envolvidos pela dura tristeza
Que lhes enevoa o simples pranto

Salgam os olhos do sacrifício
Vilmente hostilizados pela avareza
Que se torna cancerosa como amianto

Salgam os olhos da igualdade
Pelas diferenças patentes ao mundo
Que os poderes jamais tentam igualar

Salgam os olhos da verdade
Por todo o pobre moribundo
Que a sociedade tenta condenar

Salgam os olhos dos pacientes
Desesperando pela cura
Que tanto tarda em lhes chegar

Salgam os olhos dos oprimidos
Pela liberdade que não dura
E faz seus movimentos condicionar

Nas crises das economias
Se fomentam as descrenças
Embelezando democracias
Que apoiam indiferenças
As leis criadas são lotarias
Pobreza e fome são doenças

António MR Martins

foto in RF Royalty Free, na net

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