Salgam os olhos das crianças
No verter das lágrimas da fome
E no arremesso do seu desespero
Salgam os olhos de suas mães
Na pobreza que lhes deu nome
Perante o mundo cruel e austero
Salgam os olhos do suplício
Envolvidos pela dura tristeza
Que lhes enevoa o simples pranto
Salgam os olhos do sacrifício
Vilmente hostilizados pela avareza
Que se torna cancerosa como amianto
Salgam os olhos da igualdade
Pelas diferenças patentes ao mundo
Que os poderes jamais tentam igualar
Salgam os olhos da verdade
Por todo o pobre moribundo
Que a sociedade tenta condenar
Salgam os olhos dos pacientes
Desesperando pela cura
Que tanto tarda em lhes chegar
Salgam os olhos dos oprimidos
Pela liberdade que não dura
E faz seus movimentos condicionar
Nas crises das economias
Se fomentam as descrenças
Embelezando democracias
Que apoiam indiferenças
As leis criadas são lotarias
Pobreza e fome são doenças
António MR Martins
foto in RF Royalty Free, na net
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