116 - Raquel Naveira
Quando entrei
Naquela biblioteca
Toda de mármore,
Rosa e branca,
Estantes de madeira exótica,
Livros de couro
Gravados a ouro,
Senti um tremor,
Uma emoção,
Uma vontade de ajoelhar
Como se estivesse num templo.
Ao
longe,
Uivavam
lobos,Nos corredores
Ouviam-se as notas de um órgão
Tocado por um monge
E os sinos do carrilhão
Se deslocavam no tempo.
Na
biblioteca de Mafra,
Os
livros eram como o vinho:Amadurecidos,
Vindos
De remotas colheitas,
De antigas safras.
Tanta
beleza,
Tantas
vozesDeixaram-me tonta
De uva e tinta.
in livro “ Sangue
Português”, páginas 59 e 60, Editora Arte & Ciência, S. Paulo (Brasil),
2012.
Sem comentários:
Enviar um comentário