121 - Ângelo Alves
Ó Morte poupa outro que sou inútil
Leva-me agora os descalcificados ossos
Meu corpo fragmenta-se de tão frágil
Está na hora do sopro dos destroços
Não
posso viver a ver-me indúctil
O
vento oeste abre nos ossos fossosO suspiro do homem é pus hostil
Ó Morte leva-me nos leves braços
Belo
o cálix de fel do Sol, das vísceras,
Das
fontes vis, sou lixo a vida amargaComo ervas a bílis é fonte de fogueiras
Só
amo o amargo que me não larga,
Bebo
longos tragos, vomito asneirasE omito minha frágil e fraca carga
in livro “Doidivino”,
página 117, edições Temas Originais, Coimbra, 2012.
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