Hei-de arrancar as palavras com os dentes
Hei-de
arrancar as palavras com os dentes
espremê-las,
uma a uma com a saliva que meresta
hei-de suportá-las mesmo que me cortem a língua
e a sirvam aos cães pródigos da benevolência, a
ira
Saberei
à mesma escrevê-las
nas
flores de Maio, em pleno inverno,antes do romper da frígida madrugada
em punhos feitos de mármore escarlate
Hei-de
desenhar nos escarros desta liberdade
os
nomes a carvão, onde Auschwitz calou os seus
Hei-de
levantar a voz, engolir a palavra em seco
e
vomitá-la onde a surdez a cala, corrupta
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