sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Quando a amizade se despede





À Madalena Boavida,
Uma grande mulher, uma enorme amiga.
Até um dia!...

 

 
As veias já não têm o afago das correntes
E a mente estagna todas as memórias
De forma límpida
Surdamente mordaz

Tudo se consome na tarde
Na partida do esquecimento
E na chegada dorida a outro palanque
Onde retornarão todas as recordações

A amizade flutua
Tal como o fazem as aves
No seu voo brando
Sentido ao de leve na frescura de cada horizonte
Como matizes vinculadas a todo o pensamento

A colisão agita todos os sentires
E expurga a bílis ardente
E amarga como fel
Fazendo-nos meditar sobre
A existência e seus devaneios
Numa razão desnatural
Embora verdadeira
Que consolida todos os desígnios

E nós acreditamos

A malignidade das coisas
As reais e as adjacentes
Ficou cortada de vez
E o sofrimento adormeceu para sempre
Regressando todo o encanto da paz

Mas custam tanto interiorizar
Estes pressupostos
Que filtram
Cada existência terrena

Talvez um dia
Nos voltaremos a entender

 
António MR Martins

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