sábado, 19 de outubro de 2013

Gabriela Pais





AS PEDRAS DA MINHA RUA

 
Gosto de ver as pedras da minha rua,
Pelo passar do tempo enegrecidas
Batidas na noite pela luz da lua,
Nas manhãs, pelo sol são aquecidas.
Pisadas por montes de pés, sem conta
Uns enfiados em finos sapatos,
Outros em alparcatas, pouca monta,
Gastam-te, fazendo cair os incautos.
Não soltam ais, as pedras da minha rua,
Ao passarem, são libertos por quem vai
Atarantadas e tolas cabeças na lua.
Pedras antigas, nos enxergaram nascer,
Eram estas as ruas da velha Lisboa
Não posso esquecer que nos viram crescer.

 
Gabriela Pais, in “Matiz do Mundo”, página 16, edições Temas Originas, 2011.

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