quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A candeia das remotas memórias


Imagem da net, em: www.trocadero.pt



Da candeia se apagam
as rédeas da visibilidade
e as gotas de petróleo secam seu desvario
numa acendalha descabida
onde outrora o azeite fazia sua escalada

Da candeia se desfocam
as imagens ternas e afagantes
entre o denodo persistente do frio
e o pavio da concordância
que repele todas as máculas da tristeza breve

Da candeia flamejante
pousada no desvario da memória
se ungem os sentidos
através da tangente da sobrevivência
ante a espera do porvir

Da candeia irradiante
o calor único e a luz ténue
metamorfoseiam
a palidez incandescente
de um passado nunca esquecido

Da candeia velhinha
sobram tantos pedaços de história
na simplicidade do seu manusear
entre as esferas da solidão
e a negrura de tantas noites

Pela candeia sem luz
cresce a escuridão do ocaso
na presença de tantos anseios
que aguardam ansiosamente
a claridade de um novo dia

 
António MR Martins

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