quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Vítor Cintra - 3





Lembrando:
SIDÓNIO MURALHA

Se o «Novo Cancioneiro» foi razão,
Ou foi, apenas, uma solução
P’ra criticar visões salazaristas,
Em versos ditos neo-realistas,
Jamais o saberemos. Logo agora
Que quem escreveu já cá não mora.

No mal dizer, porém, há uma certeza,
É tradição da gente portuguesa.
E, quando o mal dizer assenta certo,
A gente sente quase o céu aberto.

 
Lembrando:
DAMIÃO DE GÓIS

Nascendo na nobreza, em Alenquer,
Foi Damião de Góis historiador;
Mostrou na sua vida tal saber,
Que se tornou versátil escritor.

Mas não provou somente a escrever
Os seus imensos dotes e fervor,
Também noutras alturas provou ser
Bom músico e até compositor.

Das artes foi mecenas, por prazer,
Colecionando obras com valor,
Quando era no estrangeiro embaixador.

Voltando a Portugal veio a sofrer,
Por mera insensatez de um delator,
O cárcere às mãos do Inquisidor.

Vítor Cintra, in “ Nas Margens do Esquecimento”, edições Lua de Marfim, páginas 49 e 73, Outubro de 2013.

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