segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Edição da Temas Originais, na sua nova série "mínima", o seu n.º 3, "Severo Destino", de António MR Martins
Já se encontra disponível a obra "Severo Destino", da autoria de António M R Martins, número 3 da série "mínima".
ISBN: 978-989-688-239-6.
Formato: 13 x 9,5 cm - 32 pág. - P.V.P.: € 5,00.
Adquira o seu exemplar através do e-mail: temas.originais@gmail.com
Outros títulos desta série:
1 - Indícios para um cântico poveiro, Xavier Zarco (p.v.p.: € 5,00)
2 - Manual de Escultura, José Félix (p.v.p.: € 5,00)
4 - Génesis, Emanuel Lomelino (Brevemente).
Boas leituras.
ISBN: 978-989-688-239-6.
Formato: 13 x 9,5 cm - 32 pág. - P.V.P.: € 5,00.
Adquira o seu exemplar através do e-mail: temas.originais@gmail.com
Outros títulos desta série:
1 - Indícios para um cântico poveiro, Xavier Zarco (p.v.p.: € 5,00)
2 - Manual de Escultura, José Félix (p.v.p.: € 5,00)
4 - Génesis, Emanuel Lomelino (Brevemente).
Boas leituras.
sábado, 12 de dezembro de 2015
Teresa Brinco de Oliveira
Espera
Na
Ausência constrói-se a plenitude
e
do silêncio faz-se a espera do acontecersoltam-se formas como impetuosidade de mar
e define-se o desenho num significado novo.
É o tempo do regresso. A cidade espreita a chegada
a ebulição de corpos soçobrados
do uivo dos lobos…
…murmúrios
longínquos em horizontes planos.
Teresa Brinco Oliveira, in “Laços de Luar e outras histórias”, página 55, edições
Edita-Me, Dezembro de 2014.
A palavra da vida
Imagem da net, em: www.pequenoguru.com.br
Há uma toponímica invisível
No espaço do nome esquecido
Onde não moram mais letras
Com que esse nome se escreve
E se diz.
Há um tempo diferente para o poeta,
Entre as páginas da vida.As passadas,
As presentes,
As futuras.
Por fim,
Ficam outras palavras.
Outras se esfumaram,
Aqueloutras memorizaram-se.
Eternizando-se
Aquelas que definemO grito da própria vida
sábado, 5 de dezembro de 2015
Hoje, dia 5 de Dezembro de 2015, partiu um grande poeta, um enorme amigo: VÍTOR CINTRA. A minha singela homenagem. Até um dia!...
AFAGOS
São
ditos, são gestos,
Intensos,
modestos,São tudo, ou os restos,
De cada sentir;
Paixão reprimida,
Ou mágoa sentida,
Adoçam a vida,
Fazendo sorrir.
Ardentes
e ledos
Desvendam
segredos,Desfazem os medos
E, logo a seguir,
Despertam sentidos;
Desejos contidos
Em sonhos vividos
Irão descobrir.
Vítor Cintra,
in “Afagos”, página 29, edição de autor, 2011.
Até sempre amigo VÍTOR CINTRA!... Um dia nos voltaremos a encontrar!...
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Augusto Gil
QUANDO AS
ANDORINHAS PARTIAM…
A
Cassiano Neves
Boca
talhada em milagrosas linhas,
A
luz aumenta com o seu falar.
Esta
manhã, um bando de andorinhas
Ia-se
embora, atravessava o mar.
Chegou-lhes
às alturas, pela aragem,
Um
adeus suave que ela lhes dissera,
-
E suspenderam todas a viagem,
Julgando
que voltara a primavera…
Augusto Gil (1873-1929), in “Luar de Janeiro”, página 175,
edições Livraria Guimarães & C.ª, 8.ª Edição.
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
João Rasteiro
ERRATA
O homem principiou por amar em deus; à
medida que adolesceu sobre o orvalho julgou-o sob o pó e sentenciou-o; por
vezes desobriga-o do fogo e perdoa-o na oblação do sangue; em desespero
concebeu-se existência imprópria para a inocência do mundo: névoa por entre
névoa. Na esfera armilar das criaturas com fala (é sempre tão sublime blasfémia
um poema) deus e homem sempre principiaram por uma coisa infinitamente obscura
em sua trágica e desmesurada beleza de logro. Há criaturas tão insanas sobre a
respiração ofegante da terra, sobre a derradeira visão do axioma da rosa, da fé
que se fareja, que só se poderá revelar deus nos brancos tendões do homem, ou
sob o primeiro logro de um ímpio verso: e será só isso que lhe sobejará em sua
anomia sagrada. O homem e deus são o relâmpago do incansável caminhante sob uma
única metaphora sem haste: o ilusório
olhar do evo.
João Rasteiro, in “acrónimo”, página 28, Edições Sem Nome, 2015.
Cai chuva dos teus olhos
Imagem da net, em: www.wallysou.com
Nesta sociedade desumanizada
onde tanta gente passa sem ver
e olha, sempre, sem o fazer,
muita gente se torna indiferente.
Nesta
sociedade financeira
e
onde tanta gente pouco ou nada temperdeu-se a humanização do sentir
para tanta outra gente.
Nesta
sociedade consumista
onde
a tantos o dinheiro falta,poucos conseguem dar um carinho
ou um sorriso persistente.
Restas
tu criança de outro modo
e
que o és da mesma forma…caindo-te, amiúde, uma lágrima do olho
por seres duma semente diferente!...
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
Vítor Cintra
GERMANELO
No
topo da colina dominante,
Erguido
sobre o rio Rabaçal,Teus muros, ameados, um garante
De quem ia em labuta para o vale.
Não
mais que sentinela vigilante
De
quem passava rumo a AnsiãoNão sendo, embora, grande ou importante,
Cumpriste, defendendo a região.
Deserto
de habitantes, na conquista,
O
rei, dando perdão, te povoouCom quem em Germanelo se acoitou.
Na
Crónica dos Godos se regista
Que
a linha de defesa do MondegoDeixou, em todo o reino, mais sossego.
Vítor Cintra, in
“Ruínas da História”, página 47, edições Lua de Marfim, Setembro de 2015.
Versos meus
Imagem da net, em: www.oprevisor.blogspot.com
Ai versos meus…
que palpitam a chegada
no ousio da imperfeição,
por entre a perspicaz escalada
do verso para a última canção.
Ai
meus versos…
são
caules vertiginososougando as mais doiradas parras
e em conceitos espalhafatosos
desfazem todas as amarras.
Ai
versos meus…
quejandas
satíricas partidasem inesperadas suaves quezílias,
preceitos de todas as guaridas
aroma das mais variadas tílias.
Ai
meus versos…
expressivos
incomuns destinosdefinições totalmente desfeitas,
comprometimentos versus desatinos
bonança para todas as colheitas!...
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Susana Campos
Junta-te a mim
Segue
os meus passos,
Levar-te-ei
ao meu imaginário.Junto da areia, fazemos o castelo da muralha da vida.
Seguimos pelo mar,
Na espuma assentaremos as nossas emoções,
As ondas serão o nosso prazer,
Os salpicos as nossas ilusões!
Passearemos pelo sol até a lua nos sentir,
As ondas continuarão,
E tu repousarás na nuvem,
Do tempo infinito que criei somente para ti,
Sem parar…
De sentir…
Susana Campos, in “Lua Azul”, página 15, edições Temas Originais, 2011.
Sem nada nas mãos
Imagem da net, em: www.hpdeus.blogspot.com
Esta razão que não tenho
Pedaço de vida perdido
Esta
raiz do medo
Entre
um coração dorido
Asfalto
da compensação
Desta
via sem destino
Percurso
de tantos abraços
De
mentes sem ter tino
Este
aperto me consome
Na pele
em que transpiroEste sentir que em mim dorme
Pelo ar que aqui respiro
Sei de
ti tanto e tão pouco
Nas
sobras deste lamento
Um
olhar que se transforme
Alimento
sem condimento
Neste
adeus logo à chegada
Pela
partida se consomou
Frágil
sentido da vida
Que
tudo aqui deixousexta-feira, 20 de novembro de 2015
a última decisão
Foto de Dominique Faget (AFP), retirada da net.
há uma conflitualidade absoluta
entre as díspares opções e a decisão a tomar
o
temor enreda a envolvência
e
o cerne de todas as questõespor entre tantas avaliações subsequentes
o
futuro é interrogatório
e
desalinhadamente alinhado
a
cada segundo nova notícia
novo
modo de agirnova perturbação
e a unanimidade é escassa
evidencia-se
a causa
mas
os conceitos são múltiplosperante tanto bracejar opinativo
a
bala circunda o alvo
fere
o âmago de tanta gente
mas
de outra gente
sem
culpa algumaa vida é ferida até à morte
o
desespero sucumbe num autêntico ricochete
e
o barulho dos disparostraz uma momentânea surdez
esfolando todos os pensamentos
e as memórias inerentes a tanto despropósito
a
dor surpreende de forma tão vil e rude
e
ao virar da esquina
tudo
poderá voltar a acontecerinesperadamente
o
terror está instalado num receio sem limites
aguardando-se
pela última decisão
António MR Martins
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
João Carlos Esteves
A PORTA
Ao
ser fechada
a
porta lançou um queixumelancinante
como se soubesse intimamente
que nunca mais iria abrir
encerrando
atrás de si
todas as vidas prometidas
todas as cores do amanhã
todas as luzes por acender
todas as lágrimas por verter
O
silêncio conquistou o espaço
outrora
ocupadopela porta aberta
Os
lamentos propagam-se no vácuo
mudossem existência
João Carlos Esteves, in “Gotas de Silêncio”, página 64, edições temas
Originais, 2011.
Saudades do Alentejo
Algures no Alentejo, entre Alandroal e Terena. Foto de António MR Martins
lento
o mover dos ramos
da oliveira
lento
o
caminhar nas manhãse tardes soalheiras
lenta
a
sombra estendidada azinheira
lento
o
crescer da cortiçanos sobreiros
lento
o
findar dos diasnos meses de verão
lento
o
cante na vozde seus cantadores
lento
o
trabalho no campoe duro na sua concretização
lento
o
degustar da tua gastronomiade paladares únicos
lento
o
saborear do teu vinhocheiro de raiz
lentas
as
conversas entre teus paresnos teus lugares mais típicos
lento
o
intenso abraçodas tuas gentes
lenta
a
amizade que vem de tique sentidamente se alicerça
lento
é
o teu sofreraté se agudizar o padecer
lenta
é
a excelente harmoniaenquanto a amizade se fortalece
lento
o
visionar da tua paisagemque dura e perdura na lembrança
é
assim o Alentejo
tenho saudades de ti
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Edgardo Xavier
Opostos
Amamo-nos
como iguais
No
desalinho das aurorasNa sorte uivada da posse apetecida
Boca
Corpo
Sexo
Vida
E esta vontade de ser
No teu sangue
Só o fogo que me queima.
Edgardo Xavier, in “Corpo de Abrigo”, página 15, edições Temas Originais,
2011.
Sessenta e seis
Imagem da net, em: www.penacovaactual.com
Uma porta entreaberta
a entrada e um cumprimento…
a apresentação e a indicação de dados,
com o cartão sobre a mesa
e a certeza de estar na hora certa.
Questionário
a responder…
surgindo
as respostas em base estruturadae no seu complementar
a chave para a entrada no gabinete médico.
Depois
a palavra da médica
e
o respectivo retorquir:- Sim!…
tenho-me sentido bem!...
Mede-se
a hemoglobina,
verifica-se
a tensãoe se o peso está em conformidade,
sigo, depois, para a sala onde se procede
à extracção do sangue.
Recebem-me
com um sorriso…
sente-se
por favor!...Já tomou o pequeno-almoço?
Quer tirar do braço esquerdo
ou no direito?
Tanto faz,
mas foi do esquerdo, desta vez.
Foi
a minha sexagésima sexta dádiva de sangue,
como
simples dador benévolo.
Depois
disso…
uma
força enorme dentro de mime uma razão única
para o esplendor da felicidade.
domingo, 8 de novembro de 2015
Donzília Martins
O tempo
Como
um rio, ele corre veloz
Para
a foz.Agora mais calmo, vai sem tropelias
Sem vencer montanhas! Débeis agonias!
De vez em quando para, espraia-se em delta
De braço dado à vida! Enlaçado no mesmo fio
Saudoso, olha para trás
Beijando amoroso a estrada do rio.
Porém, como a vida em desafio,
No mesmo laço, num terno abraço se volta a unir.
Assim caudaloso aperta-lhe a mão
Para em união jamais se partir.
Depois, inconsciente
Recorre à nascente
Numa telha de água
Ou fonte ao luar.
E, no cais da partida, de olhos fechados
Já limpo e sem mágoa
Vai espraiar-se no meio do mar.
26/08/04
Donzília Martins, in “Espólio de Saudade”, página 109, edições Lugar da
Palavra Editora, Julho de 2015.
sinal de um ímpar driblar
Imagem da net, em: www.sportv.globo.com
é nesta aperreação
a que resiste
a última manobra de cada imo
suportando o revês
e a tenaz do confronto fedorento
por um tal vil estratagema
ante
a simples derriça da palavra
tida
por vãque expelida contra a pedra dura
quiçá se transformou
em persistente água
e da mesma forma metafórica
tudo e tanto se foi ludibriando
perante
a total impavidez
a
um potente drible de consciênciasquarta-feira, 4 de novembro de 2015
Colisão
Resta-me
permanecer
neste
porto em que me abrigo,para onde
sempre debruçaste
o teu subreptício olhar!...
Passará
o tempo…
um
outro qualquer barcoaqui ancorará
e trará de ti breves notícias.
O
tempo será mensageiro
desse
confronto!...
António MR Martins
sábado, 31 de outubro de 2015
Arlinda Mártires
Todas as coisas me falam de ti:
A brisa
na franja do vestido;
O pequeno jardim
sem ti despido;
O lençol bordado
no vazio a meu lado;
O terraço,
os planetas, as
estrelas
querem saber dos teus
passos
(Sem teus olhos
nem dá graça
vê-las!).
No restolho dos
caminhos,
na vastidão da
planície,
no eco do cante na
taberna,
paira a melancolia
do teu corpo ausente.
Cresce no silêncio
tardio
do final do dia.
O sol abandona o
casario
e comovido se evade
no último comboio da
tarde.
Arlinda Mártires, in “Impressões do Real”, página 17, edições Temas
Originais, 2015.
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