sábado, 31 de outubro de 2015

Arlinda Mártires







Todas as coisas me falam de ti:
A brisa
na franja do vestido;
O pequeno jardim
sem ti despido;
O lençol bordado
no vazio a meu lado;
O terraço,
os planetas, as estrelas
querem saber dos teus passos
(Sem teus olhos
nem dá graça vê-las!).
No restolho dos caminhos,
na vastidão da planície,
no eco do cante na taberna,
paira a melancolia
do teu corpo ausente.
Cresce no silêncio tardio
do final do dia.
O sol abandona o casario
e comovido se evade
no último comboio da tarde.
 

Arlinda Mártires, in “Impressões do Real”, página 17, edições Temas Originais,  2015.    

 

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