A sesta, de José Malhoa (1855-1933) - 1909.
e as pálpebras cansadas se estendiam
sobre as vistas pendentes do próximo abraço
intimista.
as
folhas abotoavam os ramos cruzados
da
árvore, que permanecia estática, localmente,mas ondulante ao fruir do vento.
a
paisagem incólume
ali
permanecia.
ao
fundo
algumas
aves ondulavam, também, pareciam quase tocar o céu
em movimentos voadores que
pareciam ensaiados.
o
ambiente bucólico estendia-se
até
que a margem que as pálpebras deixavam livrepudesse gravar no íntimo do seu dono,
corpo também cansado
sentado à porta daquela casa velha,
aquelas imagens únicas.
tantas
histórias, tantos anos, meses , horas,
tanta
envolvência esquecidaque aquele ser reservava, unicamente, para si.
as
aves ao longe já lá não moravam,
mas
a árvore ali permaneciadesabotoando ramos numa empatia única
com aquele espaço tão belo.
por
fim
as
pálpebras não estavam mais cansadaso corpo sentado à porta da casa velha,
também não,
o silêncio era imparável,
mas a árvore fez brotar flores dos ramos
da sua vida.
António MR Martins
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