46.
Subíamos
os degraus da paixão
a
esconjurar demónios de viagem,a conjugar passados com futuros.
Tempo de brincar com palavras carnívoras –
sexo, gengibre, estandarte – ou palavras
de seda – abraço, infinito, teorema.
Às vezes era o sol que nos vestia de ouropel
e apagava o rasto dos chacais.
As mãos pousadas em redes de silêncio,
tecíamos pontes sobre o tédio.
Antes de sabermos a medida do frio,
quando se extingue a brasa e as flores de gelo
descem, exangues, a vertical das noites.
Antes do bolor nas paredes.
Licínia Quitério, in “Os Sítios”, página 69, edição de autor, Novembro de
2012.
Sem comentários:
Enviar um comentário