segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Tendo-se quase nada





Brilham teus olhos, azedos de fome,
página branca, desígnio da vida;
nada tens… quase tudo te consome
nesta herança sem qualquer guarida.

Rugas profundas na carne da pele,
mórbido destino sem contemplação;
feroz sociedade que te repele
entre os vazios da consumação.

Abrigos rasgados, vestes ligeiras,
só pó do teu tempo nas prateleiras
na pobreza-valor da tua memória.

Desapego do ser agora perdido,
nos repelões batidos sem sentido…
julgado, por fim, como sendo escória!...

António MR Martins

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