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Brilham teus olhos, azedos de fome,
página branca, desígnio da vida;
nada tens… quase tudo te consome
nesta herança sem qualquer guarida.
Rugas
profundas na carne da pele,
mórbido
destino sem contemplação;feroz sociedade que te repele
entre os vazios da consumação.
Abrigos
rasgados, vestes ligeiras,
só
pó do teu tempo nas prateleirasna pobreza-valor da tua memória.
Desapego
do ser agora perdido,
nos
repelões batidos sem sentido…julgado, por fim, como sendo escória!...
António MR Martins
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